TAMANDARÉ TERÁ JANGADA NO MAR

Jangadas fazem parte da cultura local e não prejudicam o meio ambiente

Por não necessitarem de mão de obra artesanal, custosa e demorada, as embarcações motorizadas praticamente tomaram os lugares das jangadas, que hoje  estão preservadas em músicas e poesias.

Com o intuito de resgatar o hábito cultural das jangadas e preservar o meio ambiente, a Fundação SOS Mata Atlântica, a Fundação Toyota do Brasil e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) apoiaram recentemente a produção de duas dessas embarcações pelos integrantes da Cooperativa Náutica Ambiental de Tamandaré, municipio do Litoral Sul.

A construção das jangadas é a realização de um antigo sonho da comunidade, que vai utilizar as embarcações em atividades de sensibilização ambiental e turismo sustentável na Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais. 

“A utilização das jangadas reforçará o trabalho de conscientização ambiental que a cooperativa já desenvolve com os turistas”, explica a analista do Programa Costa Atlântica, da Fundação SOS Mata Atlântica, Camila Keiko Takahashi. Antes, era uma grande contradição falar de preservação do meio ambiente enquanto se navegava em catamarãs. 

A adesão ao transporte modernizado tem suas vantagens práticas, mas nem sempre o que é mais fácil para os homens faz bem ao meio ambiente. Veículos motorizados poluem o mar com combustível fóssil e causam ruídos nocivos às espécies marítimas. 

Construídas com ajuda do Fundo Toyota, as jangadas já estão prontas, mas ainda não são utilizadas porque a cooperativa está realizando, neste mês de abril, capacitações para futuros condutores do típico veículo náutico. 

São necessários vários cuidados na hora de conduzir a jangada, como controlar os remos para que eles não atinjam os corais, danificando-os. A partir de maio, duas embarcações estarão no mar, disponíveis para os turistas que visitarem Tamandaré. 

ÁREA PROTEGIDA

A área da APA Costa dos Corais abrange mais de 400 mil hectares da costa nordestina e se estende ao longo de 130 quilômetros entre Tamandaré (PE) e Paripueira (AL). É a maior Unidade de Conservação (UC) Federal marinha em extensão e a primeira a proteger parte dos recifes costeiros do Nordeste. 

A APA conta também com uma área fechada de reserva marinha na cidade de Tamandaré, onde atividades como pesca e turismo são proibidas, o que garante a conservação da biodiversidade e a tornou um exemplo para a conservação dos recifes brasileiros.