quarta-feira, 17 de abril de 2013

Na Av. Dantas Barreto pedestre e ambulante disputam as calçadas


Com as calçadas ocupadas população caminha no meio da via

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Calçadas de qualidade são fundamentais para a mobilidade urbana. Porém no Recife o cidadão que anda a pé não conta com essa vantagem. A Avenida Dantas Barreto, no Centro, está entre os vários pontos da cidade onde o pedestre não tem prioridade. Além de calçadas com buracos e desníveis, diversos ambulantes ocupam o espaço e inviabilizam a passagem da população que transita na área.
No trecho da avenida entre as igrejas de Santo Antônio e Nossa Senhora do Carmo andar pela calçada é um transtorno. Se transitar é complicado, pegar o ônibus é mais ainda. Com as paradas ocupadas pelos ambulantes, os passageiros aguardam o coletivo no meio da via. A vendedora Edna Batista, 52 anos, lamenta a desorganização do espaço nas vésperas da Copa das Confederações. “Vamos receber turistas e uma bagunça dessa. É muito chato, o certo era a gente aguardar na parada, mas não é possível”.

Além das calçadas, a faixa que deveria ser para a parada de ônibus também está ocupada 
Uma pesquisa intitulada de Calçadas do Brasil realizada em abril de 2012 pelo Mobilize- Mobilidade Urbana Sustentável- avaliou as calçadas de 12 capitais, entre elas Recife. Os critérios avaliados foram irregularidade do piso, degraus que dificultam a circulação, obstáculos, existência de rampas de acessibilidade, iluminação, sinalização e paisagismo.
Na capital pernambucana dez logradouros foram avaliados pelo estudo, entre eles as Avenidas Conde da Boa Vista, Caxangá, Norte e as ruas do Hospício, do Futuro e Nogueira de Souza.  A Rua Mário Campelo recebeu nota abaixo de dois. A nota mínima estabelecida pela pesquisa foi oito, mas a média final de todas as avaliações do país é de 3,47.
Embora a av. Dantas Barreto não tenha sido avaliada a população não aprova o espaço. O aposentado André Ricardo de Andrade, 40, é portador de necessidades e afirma ser impossível transitar na avenida. “Tenho que passar no meio da rua entre os carros e ônibus. As calçadas não me favorecem. É barraca por todo lado, buraco, sem contar as paradas que dificultam a subida para o ônibus”.

Calçadas com desníveis e buracos prejudicam a mobilidade 
Quem tem comércio no local só deseja uma área para trabalhar e sustentar a família. O ambulante Laércio Henrique da Silva, 64, trabalha no mesmo ponto há 50 anos. Ele vende pilha, carteira, fone de ouvido e outros objetos. Sem ser questionado, ele comenta que o pedestre é prejudicado, mas afirma ser um ponto bom para trabalhar. “O pedestre deve ter prioridade, mas o movimento aqui é bom, é muita gente que passa e eu preciso pagar as minhas contas”.
Desde 1993, Laércio guarda a credencial feita pela Prefeitura do Recife, ainda da gestão de Jarbas Vasconcelos. Ele comentou que o cadastro foi feito para retirar os ambulantes das calçadas e colocar no Camelódromo, mas foi relocado para um ponto, que segundo ele, não favoreceu as vendas. “No ponto que me colocaram quase ninguém passava. Não estava vendendo e voltei para a calçada”.
Com o dinheiro que ganha vendendo óculos, o ambulante Pedro Bezerra da Silva, 64, paga seu aluguel e comenta que o comércio informal precisa ser organizado e mais valorizado. “Sou um cidadão como qualquer outro, preciso do meu trabalho. Mas ninguém olha para nós, somos esquecidos. Queria muito meu espaço organizado, mas quando aparecem (Prefeitura), querem tirar a gente à força ou colocar para um local ruim de vender”.

Ambulantes apoiam organização do espaço
Os municípios do país são liberados da responsabilidade da manutenção das calçadas. A conservação deste espaço é atribuída aos seus proprietários.  No entanto, situações como a organização do comércio informal é de responsabilidade das prefeituras. No caso da Avenida Dantas Barretos e outros pontos do centro da cidade, os pedestres vão precisar de mais paciência.
Em nota, a Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano (Semoc) afirma que o reordenamento do comércio informal do Recife só será realizado no segundo semestre. 
 “A Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano (Semoc) já está montando um plano de reordenamento do comércio informal no Centro do Recife. Na ação, que deve ter início no segundo semestre, ambulantes instalados nas calçadas dos principais corredores viários - isso inclui a Dantas Barreto - serão relocados para áreas que não atrapalhem a mobilidade, principalmente das pessoas e do transporte público de passageiros.”.

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