segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Começam obras de contenção do avanço do mar em Jaboatão


Depois de quatro anos de estudos e elaboração de projetos técnicos, mediante a sua complexidade, foram iniciados, nesta segunda-feira (04/02), os trabalhos de contenção do avanço do mar, obra que restabelecerá a faixa de areia das praias de Barra de Jangada, Candeias e Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife. O evento que marcou o início das obras foi realizado na manhã desta segunda, em Piedade com a presença do prefeito Elias Gomes, do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, entre outras autoridades.
Obra pioneira em Pernambuco, a engorda deixará as praias com uma média de 30 a 45 metros em uma extensão de 5,5 Km onde estão localizados os pontos críticos. Em alguns locais a força do mar já atinge prédios e equipamentos públicos.
Para conter a erosão marinha, problema que atinge com intensidade também os municípios do Recife, de Olinda e Paulista, serão investidos cerca de R$ 40 milhões, recursos da Prefeitura de Jaboatão e do Governo Federal. A empresa que executará a obra é a Construtora OAS. O processo de engorda das praias movimentará quase um milhão de metros cúbicos de areia, o que equivale a 80 mil caminhões do tipo caçamba cheios.
“Esse é um problema grave em Jaboatão e em outras cidades de Pernambuco. Nós enfrentamos o problema de frente e encontramos a solução técnica ideal e necessária para resolvê-lo. Acreditamos que até agosto teremos uma obra pronta. Temos hoje R$19 milhões garantidos e até o final de fevereiro o restante dos recursos assegurados para que possamos fazer a obra. Queremos fazer isso com celeridade”, explicou Elias Gomes, prefeito de Jaboatão dos Guararapes.
“Não queremos que a situação volte jamais ao que ficou, para isso, vamos contratar uma empresa de manutenção permanente, que vai fazer a reposição da areia que venha a ser levada pelo mar, algo que pode chegar a 2% e que poderá ser recomposta por esta empresa. Essa é uma obra de mitigação que vai ameninar o avanço do mar e devolver a costa à população”, explicou o gestor.
O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, lembrou que a obra tem grande importância para a população e é uma das prioridades do Ministério da Integração Nacional. “Essa obra é prioritária no Ministério. Já estamos em R$ 19 milhões empenhados e até o final de fevereiro vamos empenhar o restante, mais R$ 19 milhões para que a obra não pare. Vamos acompanhar de perto porque essa intervenção é piloto para uma área muito maior do nosso litoral. A partir dessa experiência em Jaboatão vamos ampliar para as praias de Recife, Olinda e Paulista”, assegurou Bezerra Coelho.
O INÍCIO
Até a Ordem de Serviço assinada no último dia 16 pelo prefeito Elias Gomes, um longo caminho foi percorrido. Logo que assumiu a administração municipal, em janeiro de 2009, a nova gestão constatou a necessidade de se conter o processo erosivo que ameaça bens públicos e privados e reduz a área para lazer da população jaboatanense.
Em 2010 foi contratado o Projeto Conceitual de Engenharia para Recuperação da Orla de Jaboatão. Em 2011, A Prefeitura contratou estudos de prospecção e cubagem de jazida submarina de areia, e mais a elaboração de projeto de alimentação das praias.
Uma das primeiras obras de engenharia costeira em Pernambuco, o projeto cumpre todos os trâmites legais, ambientais e administrativos, como autorização da Marinha do Brasil através da Capitania dos Portos, autorização da Secretaria do Patrimônio da União (SPU), dispensa de Requerimento de Lavra de Jazida Submarina de Areia ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Licença Ambiental Prévia (LP) e Licença Ambiental de Instalação (LI) da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) além de Plano de Controle Ambiental (PCA) e Plano de Monitoramento Ambiental (PMA) pelas empresas contratadas.
CANTEIRO DE OBRAS
As obras de contenção do avanço do mar de Jaboatão serão executadas através de convênio entre a Prefeitura e o Ministério da Integração Nacional. Com a instalação do canteiro de obras, serão iniciados os trabalhos de acesso ao quebra-mar para segmentação dele.
A dragagem de areia e o processo de engorda das praias deverão ser iniciados em até 45 dias, devido ao deslocamento da draga a ser utilizada, que se encontra no Marrocos. A chegada está prevista para o dia 20 de março, devendo entrar em operação entre os dias 22 e 27 de março. Enquanto isso, os serviços de topografia, corte nos arrecifes artificiais e montagem da tubulação de 1,5 km, que irá trazer a areia da draga para a orla, serão realizados, afim de deixar tudo pronto para quando a draga chegar começarem os serviços de colocação de areia na costa.
Todo o processo deverá durar sete meses. Estima-se a participação de 100 a 120 trabalhadores no pico das obras, entre técnicos e operários a exemplo de  pedreiros, soldadores, engenheiros, mergulhadores, tripulantes e outros. Além disso, serão utilizados 35 equipamentos, entre caminhões, escavadeiras, tratores e outros específicos.
O trabalho beneficiará as praias de Barra de Jangada, Candeias e Piedade, no trecho de 5,5 Km (todo o litoral mede 8 Km) que se estende entre as ruas Professora Eneida Rabelo, em Barra de Jangada, e a Rua do Loreto, em Piedade. A praia ficará com uma largura variando entre 30m e 45m. A altura do perfil praial ficará nivelada com a da linha dos prédios, calçadas e vias de acesso.
A recomposição das praias será feita pela colocação de areia dragada de uma jazida oceânica nas imediações da praia de Pedra do Xaréu, no Cabo de Santo Agostinho, a uma profundidade de 13m, e a 2,2 Km da costa, distante aproximadamente 12 Km do litoral de Jaboatão.
A areia juntamente com a água será dragada por sucção para uma embarcação do tipo Trailing Hopper Suction Dredge (THSD), com capacidade mínima da cisterna de 2000m3.
A draga se deslocará de Pedra do Xaréu e ancorará a cerca de 800m das praias de Jaboatão dos Guararapes (esta distância vai variar de acordo com a profundidade, presença de bancos de recifes ou outros obstáculos à navegação). Para a instalação e manuseio da tubulação deverá ser usada uma escavadeira tipo CAT 330 e uma carregadeira tipo CAT 950.
Para a engorda com a THSD prevê-se quatro viagens por dia, o que equivale a 8000m3 (2000m3/viagem x 4 viagens), portanto, 75 dias para a realização deste serviço com a produtividade programada.
Armazenada na draga, a areia será bombeada para a praia, sequencialmente, a partir da praia de Barra de Jangada, seguindo em direção ao Norte, até a praia de Piedade. Isso porque a dinâmica das correntes ajudará no espalhamento da areia. O bombeamento se dará por meio de acoplamento de tubos de 120m de comprimento e 600mm de diâmetro, previamente preparados no canteiro de obras, que estará instalado temporariamente na praia de Candeias, em frente ao calçadão (acesso pela Rua Quatro de Outubro) na região do quebra-mar.
Bombeada para o local de deposição, a areia será espalhada formando a praia, com a utilização de um trator de esteira tipo D7, além de instrumentos de topografia (nível/estação total), de acordo com as instruções do projeto de engorda. 
QUEBRA-MAR
Além da engorda, haverá também a segmentação do quebra-mar para que haja uma melhor ação hidrodinâmica no local, objetivando a qualidade da água, seguida pelo rearranjo das areias carreadas pelas correntes e ondas no segmento. Deverá ser utilizado trator de esteira tipo D7 para espalhamento de material de graduação menor de tal modo que permita o tráfego dos caminhões.
A remoção será realizada com escavadeira tipo Liebherr 944, que carregará caminhões fora de estrada tipo Randon, de 22 toneladas (12 m3) ou caminhões articulados tipo Volvo, de 18 toneladas (10 m3).
Durante a execução da obra, a Prefeitura realizará o monitoramento e fiscalização do meio físico e das condições ambientais das praias, avaliando toda a obra e analisando os relatórios mensais que serão elaborados pelas empresas contratadas, com a participação e acompanhamento da Secretaria de Obras e da de Meio Ambiente do município.
MONITORAMENTO
O prefeito Elias Gomes também instituiu o Comitê Municipal de Monitoramento e Mitigação dos Efeitos do Avanço do Mar, considerando a necessidade da coordenação por parte do Município, da mobilização, criação e execução do Plano de Gestão Integrada da Orla e a necessidade da atuação articulada com a sociedade civil organizada.
Esse Comitê, de natureza paritária, é formado por 12 membros titulares e igual número de suplentes, sendo seis do poder público (órgãos municipais e a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade – SEMAS), e seis da sociedade civil (pescadores, rede hoteleira, moradores, ONG’s ambientais, empreendedores formais, informais, bares e restaurantes).
Serão implantados ainda vários programas complementares ao processo de engorda e que são considerados importantes para a manutenção e melhoria das praias. Destaque para os programas de monitoramento da qualidade da água e balneabilidade; de gerenciamento de resíduos sólidos; da qualidade do ar; de educação ambiental; de otimização de transportes terrestres, além de um plano efetivo de segurança nas praias

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