quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Voluntários ajudam a diminuir a dor de quem perdeu tudo nos Coelhos


 / Foto: Guga Matos/JC Imagem


“Somente com muita fé a gente vai conseguir reconstruir tudo. Nossas casas, nossa dignidade  e nossas vidas”. O lamento  de Ildo Severino de Santana, de 45 anos, veio carregado de emoção, lágrimas e uma certa dose de esperança. Para transformar essa esperança numa  realidade menos angustiante, a sociedade civil está organizando uma grande ação no próximo sábado,  amenizando a agonia das famílias desabrigadas dos Coelhos.

A ação está sendo organizada pelo movimento O Novo Jeito, responsável em agregar voluntários através das redes sociais na internet. O objetivo é juntar mais de cem pessoas para levar mantimentos e todo o material necessário que já foi listado por integrantes um dia depois do acidente.

“Fizemos essa lista e estaremos presentes. Como comida, roupa e, principalmente, levando uma palavra de conforto e fé para essas pessoas”, observou Fábio Silva, um dos dirigentes do grupo.

A retomada da dignidade citada por Ildo e outros moradores dos Coelhos pode ter começado na manhã desta quarta-feira.  Um grande mutirão  da Secretaria de Defesa Social (SDS), montado na Creche Vovô Artur, na entrada da comunidade,  providenciou novos documentos.

Até amanhã (sexta-feira, 09) estão sendo feitos novos registros de identidade,  certidões de nascimento e casamento, além da carteira profissional de quem perdeu tudo para o fogo. Até fotos foram e disponibilizadas na hora.

“Olharam pra gente. Ainda bem que vieram  nos ajudar nisso. Pelo menos os documentos vamos  recuperar logo”, comentou Ildo, logo depois de sair da sala onde funcionários do Instituto de Identificação Tavares Buril (IITB) instalaram um estúdio improvisado de fotografia.

Enquanto os moradores eram encaminhados para retirar os documentos, novas  doações iam  chegando na Escola Municipal dos Coelhos, onde estão abrigadas 30 famílias.
O padre Cícero Ferreira, da Paróquia da Boa Vista, levou tudo o que foi arrecadado na primeira missa de ontem. “Já fazemos um trabalho para a comunidade. Conhecemos quem são as famílias”, informou. “Além das doações é importante o alimento espiritual”, registrou.

O operador de máquinas José Alberto Moraes concorda. Ele, a mulher e o filho de 9 anos conseguiram um espaço na escola. “Estava trabalhando no dia do incêndio. Um vizinho me ligou e mandou correr porque todas as casas estavam se acabando no fogo”, lembrou.
“Quando cheguei não tinha mais nada. Perdi tudo comprado com muito trabalho e muitos anos. Agora vou ficando por aqui enquanto se resolvem as coisas. Para o mesmo terreno não volto mais”, declarou.

A Escola Municipal dos Coelhos funciona atendendo 150 crianças. Na terça-feira foi ocupada pelas famílias, que invadiram o prédio e hoje usam as salas como domitórios. As aulas estão suspensas por tempo indeterminado, de acordo com um funcionário que não quis ser identificado.

Para atender todas essas famílias, a cozinha do colégio foi ocupada por voluntários. Desde o dia do incêndio o gastrônomo Sérgio Oliveira se desdobra para fiscalizar a qualidade da comida que chega e organiza a distribuição.“Não é só receber e dividir. Estamos observando também a questão da higiene, de como esses alimentos estão chegando”, informou.

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