Choveu. E choveu muito. E foi a noite toda. Mas e daí? As milhares de pessoas que lotaram a área externa do Chevrolet Hall garantiram as suas capas e trouxeram arsenal reforçado de sombrinhas e guarda chuvas. Alguns até preferiram encarar de frente a água celestial e curtir os shows no maior estilo “cantando na chuva”. A animação no palco principal começou às cerca de 21h com a subida da dupla sertaneja Munhoz e Mariano, famosa pelo hit “Camaro Amarelo”. Mas os garotos simples de Campo Grande mostraram, além de bastante humildade, terem muito mais do que o carro amarelo estacionado na garagem musical.
A abertura do show veio com muito toró para um público que ainda começava a se encontrar frente ao palco. “Alô, final de semana chegou” foi um bom lembrete a todos e uma chamada à diversão. “Cowboy Arretado” reafirmou a revolução que o sertanejo passou na última década. Mas o forte da dupla mesmo é a sensualidade. Nada ofensivo, apenas na medida certa para soar agradável. As coreografias e letras de “vou pegar você e tãe” e “180, 360″, levaram as fãs ao delírio. Além da tradicional “Camaro Amarelo”, que não faltou e fechou com muito alto astral a apresentação. A próxima banda a surgir foi a Calypso, para um show cheio de emoções.
Explodindo vitalidade, mesmo com todo o temporal à frente, Joelma e Chimbinha comandaram uma platéia ensandecida na curso de quase 20 canções conhecidíssimas. Misturando novas e antigas, “pesadas” e românticas, o setlist foi aprovado pelos fãs. Tudo começou com “Me beija agora”, seguida de ”Xonou, xonou” e “Cumbia do amor”. O público não se perdia na letra de uma música. Por isso continuou cantando com Joelma em ”Lelezinha” e “Acelerou”. Em um dado momento Joelma disparou ao público que deve estar se dedicando à uma possível carreira na música gospel em 2014, fazendo com que muitos cressem que a vocalista anunciava, na verdade, o fim da banda, fato que foi negado pelos empresários da mesma. Chimbinha e a esposa receberam uma homenagem especial entregue pelo prefeito da cidade, Geraldo Júlio.
Em clima de realização, Calypso entrou na parte da final do show. Primeiro comoveu o público com ”A lua me traiu”, ”Perdoa” e ”Eu te agradeço, Senhor”. Depois tirou todo mundo dos eixos de novo e pôs a massa pra dançar com ”Entre tapas e beijos”, ”Cavalo manco” e “Vem dançar”. Nesse ritmo festivo o casal Calypso se despediu do São joão da Capitá, sem deixar dúvidas da força da banda e da forte integração desta com seu público.
A banda “Magníficos” subiu no palco com a difícil missão de suceder Calypso e anteceder Aviões do Forró. Mas com a experiência da mais de uma década de estrada, a banda comandada pela Walkíria a Sâmia e o Neno conseguiram aliar os grandes sucessos de estrada com os novos aperitivos estourados da estação. Destaque para a primeira sequência do grupo que foi simplesmente arrasadora. O começo com “A Preferida do Brasil” e “Verdadeiro Amor”, continuadas por “O encanto”, “Essa paixão virou chiclete” e “Beijo bom”, serviram como um doce revival para todos que viveram o forró, alguns anos atrás. De grandes sucessos de bem perto ainda rolaram ”Me usa”, ”Carta branca” e ”Apaixonada”.
“Magníficos” ainda trouxe uma menção à Luiz Gonzaga, cantando alguns sucessos do rei do baião como “Paraíba” e “Baião”. Próximo ao fim do show, a banda enxertou o batidão do funk através de “Amor de Chocolate” e “Show das Poderosas”, que voltariam a ser entoadas por outras bandas na mesma noite. Sem maiores intervalos, findado o show da Magnificos, subiu ao palco o Xandy e toda irreverência da Aviões do Forró.
A verdade é que existem shows de forró e existe o show da banda Aviões do Forró. É invejável a forma com que o público interage com os pilotos do grupo. É quase como uma brincadeira de “O mestre Mandou”. Xandy e Solange comandam e os fãs respondem vorazmente na mesma intensidade. Com um repertório unicamente formado por músicas estouradas no momento, Aviões insurgiu um “Ziguiriguidum” formado por milhares de sombrinhas e guarda-chuvas. Levou todo mundo ao êxtase, até com músicas já cantadas na sexta e no sábado por outros grupos, mas que ganharam um pouco mais no quesito “grito ensurdecedor do público”, ao serem entoadas pelo Aviões.
“Prepare seu coração”, “Piradinha”, “Festa na piscina” e “Fala comigo”, foi a sequência mais avassaladora da banda cearense que se despediu do público recifense prometendo voltar para um show no Clube Português, já no próximo mês. “Vamo botar aquele lugar abaixo”, disse o Xandy. Sem nenhum intervalo, após findado o show de Aviões, subiu ao palco o Chiclete dos chicleteiros. E aí… Foi que danou-se a festa. Com direito a muita chuva, mas com a legião de fãs que acompanham Bell e sua turma em todos os cantos do país.
É quase um desafio perguntar quem não conhece de cor e salteado as canções do setlist do Chiclete. A maioria das músicas do grupo baiano já se transformaram em hinos do cancioneiro nacional. A novidade desse show foi que Bell Marques trouxe para a pista molhada do São João da Capitá, além de seu tradicional axé, representado por todas aquelas músicas clássicas, “Chicleteiro eu, chicleteira ela”, ”Eu quero esse amor”, ”Quero chiclete”, ”100% você”, dentre outras, também trouxe alguns forrós como a tradicional “Tareco e Mariola”. Mas a banda voltou à sua praia na zona final do show com os hitts ”Mugegé”, ”Nana ê”, “Vumbora amar” e “Voa voa”, encerrando sua participação e abrindo espaço para mais uma atração. Não perca as contas, a 6ª da noite. E advinha qual era.
A banda Cavaleiros do Forró foi talvez a responsável pela maior mistura sonora da noite. Cantou os bregas estourados, ”Podem até nos separar” e “Diz na minha cara”. Também seguiu a tendência de atacar no funk de Naldo, “Amor de Chocolate”, e de Anitta, “Show das Poderosas”. Mas sim, também teve o bom forró com toda sequência de hitts incluindo “Vai Correndo Atrás”, “Se Prepare pra Sofrer”, “Cole do meu Lado” e “Segunda Opção”, sendo o show de encerramento do São João da Capitá, com cara de poutpourri principalmente do que foi apresentado neste segundo dia de evento. O público foi pra casa delirando, com tanta festa e a agitação sem precedentes do maior festejo junino da capital
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